Diogo Bulha, lead developer do BlockBase, assinou um artigo de opinião sobre blockchain. Originalmente publicado pelo Dinheiro Vivo, pode ser lido de em seguida.
Blockchain é uma tecnologia da qual muito se fala. Parte dessa conversa realiza-se em torno da importância da sua adoção o mais cedo possível e de como quem não o fizer será ultrapassado pela concorrência. De facto, não há ainda um bom conhecimento técnico sobre no que é que esta tecnologia consiste e o seu funcionamento. Quando chega o momento de se decidir adotá-la torna-se difícil responder às primeiras perguntas que surgem: como e porquê implementar, qual o seu custo e dificuldade dessa implementação? Por ser uma tecnologia ainda moderna e com poucos casos de uso de grande sucesso para além das criptomoedas, estas questões podem-se tornar intimidadoras. No entanto, as respostas podem ser mais simples do que inicialmente se espera.
Muitos especialistas da tecnologia defendem que pode acrescentar facilmente valor a qualquer negócio que utilize uma base de dados tradicional e isto deve-se às propriedades de imutabilidade e integridade de dados que são garantidas por qualquer blockchain com as configurações corretas. Para tirar proveito de uma blockchain, não será preciso necessariamente guardar lá todos os dados de um negócio, sendo possível apenas registar provas criptográficas que tornem a validação da integridade desses mesmos dados simples e rápida.
Imagine-se por exemplo, que se quer validar que uma base de dados tradicional não teve os seus dados indevidamente modificados por qualquer responsável com acessos administrativos à mesma. Seria possível guardar todo o histórico de alterações à base de dados, e por cada número fixo de modificações calcular uma prova criptográfica dessas mesmas mudanças e registar somente essa prova em blockchai. Como sabemos que a mesma nos garante imutabilidade e que é impossível modificar o seu histórico desde que esteja descentralizada o suficiente, temos também a garantia que o histórico de alterações à base de dados é verdadeiro e que não houve nenhuma adulteração que possa ter sido feita para além daquelas registadas. Para além disso, nada nos impede também de guardar esse próprio histórico de mudanças numa blockchain e garantir ainda mais a sua veracidade.
Assim sendo, a partir do momento em que empresas e negócios queiram começar a validar os seus dados com blockchain, podem partir do princípio que não é necessário alterar toda a sua estrutura num processo longo, caro e complicado. É apenas necessário escolher o software com capacidades desta tecnologia ideal para o seu caso e o tipo de configuração que desejam. A blockchain que garante os seus dados pode ser completamente pública, ou até mesmo privada e mantida por um consórcio de empresas independentes que garantam a sua descentralização.
A tecnologia blockchain já é madura o suficiente para poder servir diversos casos de uso. Pelo mundo fora, espera-se que a sua adoção venha a crescer também durante os próximos anos. Já existem vários protocolos desenvolvidos com o propósito de facilitar a sua introdução no sector empresarial, tal como o EOSIO que permite uma instalação rápida, o fácil desenvolvimento de smart contracts e um número de transações por segundo bem superior à maioria da competição. Em Portugal, também está a ser desenvolvida uma solução em cima de EOSIO para facilitar a guarda de dados em blockchain, a BlockBase, que aplica uma linguagem parecida a SQL o que torna a adoção mais simples por ser uma linguagem familiar. Na área financeira e farmacêutica já várias empresas começaram a dar o salto, resta ver esse crescimento a espalhar-se por outras diversas áreas até possivelmente se tornar um standard essencial para qualquer negócio, uma regra de boas práticas que qualquer empresa terá de seguir se quiser garantir a credibilidade da integridade dos seus dados.